Diác. Edjasme Tavares
Lima
A homenagem marcada pela presença física do povo de minha terra na cerimônia fúnebre do meu leal amigo Walmir foi exemplar. Uma comunidade amiga disse a ele: estamos ao teu lado até o túmulo. Foi um ato triste, porém, muito bonito e emocionante. Todos nós temos virtudes e pecados. Quem com suas virtudes ultrapassam seus pecados com grandes vantagens em testemunhos de amor ao próximo, este, será acolhido pelo povo com a bênção de Deus. Walmir tinha uma virtude que nos chamava a atenção: gostava imensamente dos pobres e marginalizados. Era um amor diferente, por pertencente à classe-média-alta da nossa sociedade e não rejeitava a oportunidade em servir os necessitados ao surgir à ocasião.
Sou testemunha ocular. Nasci no
bairro do Corredor, onde ele nasceu. Fomos amigos de Infância, boa parte da
adolescência e depois na fase adulta (ele tinha saído de Bom Conselho por uma
boa parte de anos). Como bom e competente motorista de caminhão, inclusive no
comércio de cargas, muitas vezes por conta própria, sempre foi hábil. Cresceu na
vida, e nunca deixou de me ter a mais especial consideração e muito mais ao meu
irmão – seu compadre – Paulo Tavares.
Foi no tempo do “Pau de Arara”, a
grande evasão de nordestino para São Paulo, levava-se o povo nos caminhões e
voltava com mercadoria. Naqueles bons tempos de nossa juventude: Walmir, João
Nepoziano, Comp. Zé Frexeiras, João Frexeiras, Manoel Luna, Zé Foioió, Zé de
Lôla, Armando Belo, tantos outros que me falha a memória neste momento. O Cel.
Alípio Luna – meu padrinho de batismo – pai de Walmir, deu-lhe um caminhão
(canela fina) financiado para este ir pagamento a pequenas prestações. Foi o
“pingo d’água” para o nosso pranteado crescer na vida. Mas................,
sempre conheci essa criatura de Deus como um autêntico festeiro e namorador,
todavia, não falhava nos seus compromissos. Era pontualíssimo, nas suas
obrigações financeiras. Devido a sua noção de responsabilidade, sempre que
procurava seu pai, Padrinho Alípio Luna, encontrava respaldo. Tinha apoio. Homem
de palavra. Brincalhão, contudo, respeitado. Nesse tempo de caminhoneiros, nunca
chegava de São Paulo com o caminhão carregado de mercadoria, que não me chamasse
e juntos, viajássemos saudavelmente, à cidade do Recife, descarregar o caminhão.
Enquanto descarregavam sempre tinha amigos para vigiar durante nosso passeio
pelas ruas da Capital Pernambucana.
Tinha as dele: Todas as vezes que
passava para Recife carregado, apareciam jovens, pobres, desajustados,
desempregados, a sua procura para leva-los em cima da carga (que não era tão
alta) gratuitamente, e mais, patrocinava a refeição. Ele sempre tinha um recanto
no final da carroceria para abrigar essa gente, principalmente na hora do aperto
policial. Um das vezes ele levava dois. Daqueles que a gente apelidava de
maloqueiro. Na cidade de São Caetano, perto do cemitério tinha um posto da
Polícia Rodoviária Federal. Walmir sabia da proibição, transportar passageiros
em cima de carroceria. Muito antes, chamou-os, colocou debaixo da lona e deixou
só uma brechinha para respirarem. O guarda descobriu porque um deles tossiu e se
mexeu. Causou confusão. Quando o guarda falou alto, ele pediu, por favor, que
baixasse a voz, porque estava respeitando a ordem, escondendo os jovens que eram
muito pobres e iam trabalhar em Recife. Era, portanto, uma caridade.
Mas..................... Walmir “pinicou o olho” para eles, estes entenderam e
foram embora. Disfarçadamente, esperam muito adiante o caminhão porque não tinha
dinheiro para comer e nem viajar. O guarda tentou aplicar a multa, ele não
aceitou e prometeu ao mesmo que iria a Recife, comunicar ao chefe deles. Foi lá,
além de conseguir despensa das infrações ainda fez uma grande amizade e não
abandonou seus amigos.
Ao regressarmos à Bom Conselho,
(mais outra interessante) pela região do sítio Pau Grande, fomos (de caminhão)
atender um convite da festa do casamento de uns humildes e bondosos matutos.
Quando chegamos o fole estava roncando, entramos na sala de dança, a casa era
tão pequena e baixa, que nós dois os mais altos de todos, colocamos os bonés
pendurados na “cumeeira” da casa, e, conforme o costume e a tradição os
anfitriões nos ofereceram as respectivas damas para dançarmos. E lá ficamos até
as tantas da noite com toda tranquilidade.
Passado o tempo, ele e eu, entramos
na política partidária, partidos diferentes, contudo, amizade firme e forte.
Fomos eleitos. Projetos dele, com certeza recebia a aprovação minha e de meus
colegas de bancada, e nos meus, ele fazia a mesma coisa. No meu primeiro mandato
fui morar em Caruaru na mesma profissão de cartorário que exercia aqui na boa
terra.
Sempre que visitava esta terra, tinha a obrigação de dar meu abraço nesse amigo tão querido. Ele como Prefeito do Município sempre ofereceu seus préstimos para o que eu quisesse e dependesse dele para servir. Bom assim foi como Deputado Estadual. Na Assembleia fui vária vezes defender os direitos dos cartorários no que tange a Tabela de Custas Judiciais. Ele dizia assim: “Di prepare o projeto e deixe comigo. Irei batalhar”. Lutava até o fim e ainda me dava espaço e acesso nos ambientes privados dos Representantes do Povo me apresentando aos seus colegas. Sempre zelou e amou sua família.
Sempre que visitava esta terra, tinha a obrigação de dar meu abraço nesse amigo tão querido. Ele como Prefeito do Município sempre ofereceu seus préstimos para o que eu quisesse e dependesse dele para servir. Bom assim foi como Deputado Estadual. Na Assembleia fui vária vezes defender os direitos dos cartorários no que tange a Tabela de Custas Judiciais. Ele dizia assim: “Di prepare o projeto e deixe comigo. Irei batalhar”. Lutava até o fim e ainda me dava espaço e acesso nos ambientes privados dos Representantes do Povo me apresentando aos seus colegas. Sempre zelou e amou sua família.
Walmir Soares, homem de poucas
letras e de incomparável inteligência. Educado até dizer basta. Em todos os
compromissos sociais, políticos e comerciais que se envolvia, sempre, teve
êxito. Nesses ambientes andava sempre bem vestido e sabia se comportar com fino
cavalheiro.
Estou prestando minha homenagem a um velho amigo que nunca deixou desmerecer esse vínculo de amizade, nem por questão social, nem política e nem financeira.
Deus lhe proteja nessa outra vida,
de um bom lugar e durma em paz.
Com a graça de Deus
Com a graça de Deus
Diác. Edjasme Tavares
Lima
FONTE: Da COLUNA do Acadêmico e Diácono EDJASME TAVARES LIMA, na Academia Virtual PEDRO DE LARA, no site: www.bomconselhopapacaca.com.br de SAULO BEZERRA
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